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Copa do Mundo já está no radar de bares, restaurantes e shoppings
Após enfrentar a maior crise da história, empresas do setor planejam ações para atrair clientes durante o mundial, como o Bar Balthazar (foto), que vai servir café da manhã para que os torcedores acompanhem os jogos fora de casa
Os bares e restaurantes vão ter uma oportunidade de ouro para reforçar o caixa de 21 de novembro a 18 de dezembro, após o arrastão provocado pela pandemia.
É o período da Copa do Mundo, no Qatar, o maior evento esportivo do planeta. Como de costume, reunir a família e os amigos faz parte do ritual para assistir os jogos.
Bares e restaurantes acostumados a abrir à noite começam a se preparar para atender a clientela já a partir do café da manhã, horário de alguns jogos.
Televisores espalhados por vários ambientes, menu especial, decoração com as cores da bandeira brasileira e funcionários extras já estão no radar dos empresários.
O Bar Balthazar, localizado na Vila Nova Conceição, aberto em 2019, só funcionava à noite. Com a volta de pessoas aos escritórios, o estabelecimento passou a abrir para o almoço.
“Agora, com a Copa do Mundo, devemos ter menu também para o café da manhã”, afirma Décio Lemos, proprietário do Balthazar.
O evento, diz ele, é uma grande oportunidade para que novos clientes conheçam a casa, além de, obviamente, elevar o faturamento.
Lemos pretende criar salas privativas, mais confortáveis, para atender clientes que desejam ver os jogos somente com pessoas conhecidas.
O cardápio vai ser mantido, com opções de hamburgueres, carnes, peixes e massas. Mexilhão com fritas é um dos carros-chefe da casa.
“A Copa do Mundo deve ajudar, mas não deve salvar os bares e os restaurantes”, diz Percival Maricato, diretor institucional da Abrasel-SP, associação que reúne empresas do setor.
A pandemia do novo coronavírus eliminou de 25% a 30% dos 270 mil estabelecimentos localizados no estado de São Paulo, diz ele, e muitos empresários ainda operam no vermelho.
Pesquisa realizada pela Abrasel, na última semana de agosto, revela que 27% dos empresários paulistas operavam com prejuízo e 37%, no equilíbrio - não tinham nem lucro nem prejuízo.
Das empresas consultadas, 85% operavam pelo regime do Simples Nacional. Destas, 50% aderiram ao Programa de Reescalonamento de Dívidas (Relp) e 29% estavam inadimplentes.
De cada cem empresas, 71 recorreram a empréstimos, das quais 20% tinham parcelas em atraso. Dos que pegaram recursos por meio do Pronampe, a inadimplência era de 11%.
Um dos maiores problemas enfrentados pelo setor neste momento, de acordo com Maricato, é a dificuldade de repassar a alta de custos para os preços.
De cada dez empresários, oito não conseguiram repassar toda a alta de custos dos insumos para os preços - 55% deles informaram que fizeram reajustes abaixo da inflação.
Outros 17% disseram que elevaram os preços de acordo com inflação oficial e 7% afirmaram que reajustaram mais do que a inflação.
Diante deste cenário, Maricato diz que a Abrasel vai fazer o que puder para potencializar o evento esportivo.
“A seleção brasileira é um dos símbolos que não foi apropriado por candidatos, e pode ser um grande evento de congraçamento”, afirma.
A Abrasel fará comunicados para os donos dos estabelecimentos para que façam campanhas e aproveitem a oportunidade para aumentar o faturamento. “A seleção é de todos”, diz.
A pesquisa da associação também identificou que de cada 100 empresas, 35 pretendem contratar novos funcionários até o final do ano e 58 devem manter o quadro de pessoal.
Dos 13 funcionários do Balthazar, três são novos. “Dependendo do movimento, posso contratar mais pessoas”, diz Lemos.
SHOPPINGS
Há uma grande expectativa dos restaurantes localizados em shoppings. Geralmente, os centros comerciais esvaziam na hora dos jogos, especialmente se a seleção está em campo.
Como novembro e dezembro são meses importantes de vendas, os donos dos restaurantes esperam que os shoppings invistam em ações para atrair o público.
Ricardo José Alves, proprietário do grupo Halipar, administrador das franquias Griletto, Montana Grill, Jin Jin e Croasonho, espera que os shoppings se movimentem para a Copa.
Com 400 lojas, das quais 90% em shoppings, as franquias do grupo faturam hoje 20% mais do que antes da pandemia. “A retomada nos negócios está mais rápida do se pensava”, diz ele.
A pesquisa da Abrasel identificou que sete em cada dez estabelecimentos faturaram em julho deste ano mais do que em igual mês do ano passado.
Para Alves, os restaurantes voltaram a encher porque muitos ficaram pelo meio do caminho e, os que sobraram, ganharam participação de mercado.
Além disso, as pessoas ficaram muito tempo presas em casa e, com o avanço da vacinação, estão mais seguras para ir a bares e restaurantes.
Entre as quatro marcas, a Halipar abriu 26 novas franquias neste ano e se prepara para abrir mais 20 até o final do ano, com o destaque para as marcas Montana Grill e Griletto.
A Copa do Mundo é mais do que bem-vinda, diz ele, e uma oportunidade para os shoppings atraírem os torcedores.
O Prado Boulevard Shopping, de Campinas, dá início a partir do dia 18 deste mês a várias ações para que o público entre no ritmo da Copa com o Espaço Torcedor e o Quiosque Panini.
Em parceria com a Panini, um quiosque foi montado para fazer a venda de álbuns e figurinhas. Um espaço também foi reservado para a troca de figurinhas.
O Internacional Shopping, em Guarulhos, inaugura no próximo dia 20 a sua área para a troca de figurinhas na Praça de Eventos, no 1º piso.
Tudo indica, de acordo com lojistas, que neste ano vários shoppings espalhados pelo país farão ações em razão da Copa, inclusive com a instalação de telões para acompanhar o mundial.