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Sebrae defende apoio da iniciativa privada para a neoindustrialização do Brasil

Em palestra na Conferência Anpei 2024, o diretor técnico Bruno Quick apresentou duas startups da área biomédica impulsionadas por programas do Sebrae

A plateia presente na Conferência Anpei 2024, que acontece em São Paulo (SP) de 20 a 22/08, foi surpreendida pelo trabalho inovador desenvolvido pelas deep techs Hylaea e Orby.Co no desenvolvimento de tratamentos medicinais.

As soluções das duas startups da área biomédica foram apresentadas durante o painel ‘Mais deep techs para o Brasil’, em que Bruno Quick, diretor técnico do Sebrae Nacional, destacou a importância do setor privado no estímulo a soluções inovadoras de bens e serviços, ao lado do estado brasileiro, das universidades e das agências de fomento.

O Sebrae está muito envolvido na questão da neoindustrialização do Brasil, e essa nova industrialização passa por maior aporte em inovação.

Bruno Quick, diretor técnico do Sebrae Nacional

Segundo Quick, o país precisa sair da era da venda de commodities para a venda de royalties, de maior valor agregado. “Queremos que o mercado esteja junto no estímulo a esse ciclo de inovação, em diversas áreas de aplicação”, reforçou, citando o programa Catalisa ICT. A iniciativa formulada pelo Sebrae é dedicada exclusivamente ao financiamento de deep techs startups baseadas em investigação científica apoiada por patentes, que atuam com inovação, lidando com problemas complexos como o tratamento de doenças, mobilidade, aquecimento global e desenvolvimento industrial.

Entre esses projetos, estão os desenvolvidos pelas startups Hylaea (Acre), e Orby.Co (Rio Grande do Norte).

TECNOLOGIA – “A gente só existe por causa do Sebrae, bioquímica é uma área muito difícil e o Sebrae sempre esteve do nosso lado, principalmente nos momentos mais difíceis”, disse o pesquisador e empreendedor Ricardo Marques, 41 anos, que batizou sua empresa, nascida em 2022 dentro do programa do Sebrae Inova Amazônia, com o termo que designa floresta em grego: Hylaea.

O foco da empresa está em oferecer medicamentos inovadores, elaborados com insumos da floresta amazônica, para tratar de problemas neuropsiquiátricos que atingem milhões de pessoas mundialmente. “A Amazônia tem alto potencial em substâncias bioativas”, afirma Marques, neto de seringueiros.

Em escala piloto, a Hylaea desenvolve um similar, semissintético da Ibogaína, substância vegetal originária do Gabão, de alta eficácia quando associada à psicoterapia, no tratamento de dependência química e transtornos pós-traumáticos. A Ibogaína, porém, é rara e restrita ao continente africano, além de sua árvore, a Iboga, estar em risco de extinção, justamente devido à exploração desenfreada desse material.

“Trazemos uma alternativa, a partir de matéria prima sustentável e abundante na floresta amazônica”, afirma Marques, ressaltando o apoio fundamental do Sebrae no processo de desenvolvimento da tecnologia e estruturação do negócio.

Premiada na Universidade de Harvard e no MIT – Massachussets Institute of Technology, duas das mais renomadas instituições de tecnologia do mundo, a Orby.Co é uma provedora de soluções médicas de alta complexidade. “O nosso primeiro sim foi do Sebrae”, agradeceu a neurocientista e engenheira biomédica de formação Duda Franklin, de apenas 25 anos, CEO do negócio.

Foi com os recursos obtidos por meio do programa Catalisa ICT, que a startup desenvolveu seus primeiros protótipos. “O mercado brasileiro também precisa se aproximar dos nossos cientistas para desenvolver tecnologias de ponta e não apenas consumi-las”, ressaltou Duda.

Conferência ANPEI
A Conferência ANPEI de Inovação reúne, a cada ano, cerca de 2 mil participantes, incluindo empresas de renome, entidades governamentais, instituições de fomento, investidores, empreendedores e especialistas de diversos setores, todos engajados no dinâmico ecossistema da inovação.

Em 2024, os temas em destaque incluem a Reindustrializaçāo do Brasil, Sustentabilidade como um Motor Econômico, Energias Limpas e o Futuro da Pesquisa e Inovaçāo.