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McKinsey mostra os 18 setores que irão conduzir a economia dos próximos 15 anos
McKinsey Global Institute: 3 mil empresas avaliadas para produzir The Next Big Arenas of Competition
O McKinsey Global Institute (MGI) acaba de divulgar uma espécie de poção mágica para fazer surgir empresas de altíssimo sucesso. Aquelas poucas que arrastam as demais. São 18 segmentos que vão ditar os rumos da economia global dos próximos 15 anos. Como o Sol, cada uma dessas 18 áreas farão os demais setores orbitar em torno de seu calor e da sua luz. Para chegar a esse grupo, o MGI produziu um robusto relatório de 213 páginas, intitulado The Next Big Arenas of Competition, que analisou 3 mil grandes empresas globais. Chamadas de Arenas de Competição, elas devem gerar por ano receitas entre US$ 29 trilhões e US$ 48 trilhões, representando 16% do PIB global até 2040, um salto em relação aos 4% atuais, além de lucros anuais de até US$ 6 trilhões.
“Nós identificamos três elementos comuns, que chamamos de ‘poção’, uma fórmula, para que uma Arena surja”, afirmou Chris Bradley, sócio sênior da McKinsey, diretor do MGI e um dos seis autores do relatório. O primeiro elemento é um avanço significativo em tecnologia ou no modelo de negócios. “Algo que muda radicalmente como um produto é desenvolvido ou entregue.” O segundo componente é uma taxa de investimento cada vez maior para que a expansão ocorra a uma velocidade alucinante. Por fim, as Arenas têm um imenso e crescente público-alvo potencial – classificado como mercado endereçável. Em ordem alfabética, os 18 segmentos são: baterias, biotecnologia não médica, cibersegurança, construção modular (pré-fabricados), e-commerce, espaço, fissão nuclear, inteligência artificial, medicamentos para obesidade, mobilidade aérea, publicidade digital, robótica, semicondutores, serviço em nuvem, streaming de vídeos, veículos autônomos compartilhados, veículos elétricos e videogames. “Esses segmentos são tão transformadores que serão os motores da economia global”, afirmou Bradley.
Para chegar às 18 Arenas dos próximos 15 anos (até 2040), o MGI mergulhou em seus equivalentes dos últimos 15 anos encerrados em 2020 – para ficar num período de tempo redondo. Assim, os autores identificaram e analisaram 12 áreas consolidadas que se destacaram entre 2005 e 2020. Aqui, a ordem é por valor de mercado das empresas destes segmentos: software, semicondutores, internet, e-commerce, eletrônicos, biofarmacêuticos, eletrônicos industriais, serviços de pagamentos, vídeo e audioentretenimento, serviços em nuvem, veículos elétricos e serviços empresariais baseados em informações. Essas indústrias apresentaram um crescimento médio anual (CAGR) de receita de 10% e de capitalização de mercado de 16%, enquanto os setores fora dessas arenas cresceram respectivamente apenas 4% e 6%.
Essas 12 Arenas de 2005 a 2020 geraram uma parcela desproporcional dos lucros globais. Em 2005, representavam 9% do lucro das 3 mil grandes empresas analisadas. Em 2019, essa participação subiu para impressionantes 49%. Além disso, o retorno sobre o capital investido das empresas desses 12 setores variou de 24% a 33%, enquanto nas companhias dos demais segmentos nunca ultrapassou 14%. “Se eu voltar no tempo para 2005, os dez maiores titãs da indústria eram empresas de petróleo, varejistas, farmacêuticas… e uma empresa de software, a Microsoft”, afirmou Bradley, citando que o valor de mercado médio delas era de US$ 250 bilhões. “Hoje, nove das dez maiores foram substituídas. Mais: as que chegaram ficaram muito maiores em valor de mercado — US$ 1,9 trilhão em média.” E quase todas são movidas por novas tecnologias e modelos de negócios. “Sob nossos narizes, houve essa mudança radical no cenário industrial, e queríamos entender por que e como.”
VAREJO – No caso do varejo, essa mudança foi veloz e voraz. A transformação do varejo tradicional para o digital é ao mesmo tempo causa e consequência das mudanças no hábito de consumo e na maneira como consumidores interagem com marcas. Segundo os autores do relatório, as receitas de players tradicionais cresceram de US$ 1,2 trilhão (2005) para US$ 2,5 trilhões (2020), uma taxa média anual de 5%. Já as receitas do e-commerce saíram de US$ 15 bilhões (2005) para US$ 890 bilhões (2020), a uma taxa de crescimento de 31% a cada ano. A participação do comércio eletrônico nas vendas totais no varejo nos Estados Unidos foi de 2,5% do total (2005) para 15% (2020).
Nos demais indicadores todos, a performance é semelhante. Entre as varejistas tradicionais, o lucro médio anual subiu 3%, contra 11% dos players digitais. No item valorização de mercado das companhias, outra surra. Varejistas tradicionais se valorizaram a uma média anual de 4%, contra 27% das empresas de e-commerce. E mesmo em relação à dominância de mercado, o market share das cinco maiores varejistas tradicionais era de 44% de todo o mercado físico em 2020, enquanto entre os cinco maiores players do e-commerce o market share somado no digital bateu em 73%.
IMPACTO – Para Kweilin Ellingrud – sócia sênior da McKinsey, diretora do MGI e que também assina o relatório – mapear as Arenas do futuro é estratégico para qualquer pessoa. Desde o estudante que pensa em que carreira atuar até os investidores e empresários, além do poder público. “As próximas grandes Arenas importam porque um terço do crescimento global e grande parte do que acontece no mundo dos negócios girarão em torno dessas indústrias”, disse Ellingrud. “Por isso, por um lado empreendedores e executivos devem entender como esses gigantes logo estarão influenciando seus próprios negócios. Por outro lado, lideranças políticas devem considerar como atrair essas indústrias dinâmicas para suas regiões e países.”
No mapeamento das Arenas do futuro, os pesquisadores também elencaram três grandes fatores de oscilação que podem impactar em alguma medida os 18 setores. O primeiro são questões geopolíticas que podem fazer o comércio global se tornar mais fechado, com taxações e barreiras. Em segundo lugar, o avanço da inteligência artificial. Como afirmou outro dos autores, Suhayl Chettih, gerente de Engajamento do MGI, será preciso acompanhar de perto “a forma como as indústrias estão desenvolvendo, amadurecendo e dimensionando novos casos de uso de IA e isso influenciará fortemente a evolução de todas as áreas futuras”. Por fim, o ritmo da transição verde, que será afetado por três variáveis. “O nível de apoio governamental de cada país, o comprometimento do consumidor com a sustentabilidade e a disponibilidade de matérias-primas”, disse Chettih. Além de Bradley, Ellingrud e Chettih, o relatório The Next Big Arenas of Competition é assinado por Michael Chui, Kevin Russell e Michael Birshan. E como eles afirmam na abertura do documento, entender as novas Arenas é importante porque elas serão onde o mundo dos negócios será remodelado. “As Arenas serão responsáveis por muitas mudanças importantes em P&D e valor. E de onde surgirão muitas corporações globais novas e crescentes.”